Mais de 600 médicos estrangeiros que vieram trabalhar no interior já estão no Brasil. Nesta segunda-feira (26), começam os cursos de reciclagem.
Os conselhos regionais de medicina reagiram.
Os conselhos regionais de medicina disseram que não vão dar o registro provisório, para que os estrangeiros trabalhem no Brasil. E querem que façam a prova para revalidar os diplomas.
Neste domingo (25), esse teste, o Revalida, foi aplicado em dez capitais para mais de 1.700 médicos estrangeiros que querem atuar no Brasil, mas não fazem parte do programa Mais Médicos.
A maratona de provas durou oito horas. Os candidatos saíram com opiniões diferentes sobre o grau de dificuldade do revalida.
“Estava muito mais difícil, digamos assim, em comparação com o ano passado, e mais longa”, diz Junior Pasini, médico formado na Espanha.
“Eu achei uma prova bastante acessível, né? Uma prova exatamente para um médico básico, que é o que eles estão querendo, revalidar o diploma”, declara Jefferson de Oliveira, formado na Bolívia.
Já os profissionais que fazem parte do programa Mais Médicos foram dispensados do Revalida. Eles começaram a chegar ao Brasil na sexta-feira (23).
São 644 profissionais vindos de sete países. Espanha, Portugal, Cabo Verde, Argentina, Bolívia, Venezuela e Cuba.
O último grupo a chegar foi de cubanos. Eles desembarcaram em quatro capitais: Recife,Fortaleza, Salvador e Brasilia. Em Fortaleza, foram recebidos com manifestações de apoio de estudantes e integrantes de partidos políticos
Um médico acredita que vai encontrar estrutura para trabalhar. “Acho que o governo vai ajudar nisso. Pode ter certeza disso”, diz.
As entidades médicas reagiram às condições de trabalho e à falta de exigência do Revalida para os estrangeiros. Conselhos regionais de medicina dizem que não vão emitir o registro provisório para que eles possam trabalhar Brasil.
“Eles têm que mostrar que têm capacidade técnica mínima para atender a população brasileira com qualidade. Em relação ao registro deles nós não pretendemos dar o registro para quem não tiver o diploma revalidado. Nós só vamos dar esse registro se houver uma ordem judicial”, diz Renato Azevedo Júnior, presidente do CRM-SP.
O Ministério da Saúde disse que o governo está seguro da legalidade jurídica do programa Mais Médicos. Já o procurador-geral do trabalho deve pedir nesta segunda-feira (26) informações à Advocacia-Geral da União sobre o programa. Luis Camargo alertou que, se os conselhos não emitirem o registro para os profissionais estrangeiros, vão estar descumprindo a lei.
O governo reforçou as regras do programa Mais Médicos e deixou claro que os profissionais estrangeiros não poderão atuar em consultórios, clínicas, hospitais, fora do que está previsto no programa.
O decreto publicado nesta segunda-feira (26) no Diário Oficial prevê que a carteira profissional dos médicos estrangeiros terá uma mensagem expressa proibindo o exercício da medicina fora das atividades do projeto.
E nessa primeira etapa, 134 médicos, entre brasileiros e estrangeiros, vão atuar no estado deSão Paulo.
Em alguns lugares tem um posto novinho. Em outros, faltam equipamentos básicos para exames. O que não falta é queixa dos pacientes de que o atendimento demora demais. Enquanto a doença, essa não espera.
Um ano para conseguir uma consulta. Em Guarulhos, na Grande São Paulo, o paciente que depende da rede pública de saúde chega a esperar todo esse tempo.
“Um ano sofrendo com um cisto pra operar”, diz um homem.
E como falta médico. “Ortopedista eu estou tentando já tem seis meses”, diz um mulher.
“Da parte da manhã não tem ginecologista. Eu estou com um exame que vai fazer um ano”, diz outra mulher.
Em Carapicuíba, também na Região Metropolitana de São Paulo, há 13 unidades de saúde. E um déficit de 27 médicos, segundo a Secretaria Municipal.
“Às vezes precisa de um exame e não tem. Eu mesma faço tratamento e vou me operar emItapevi. E quando preciso achar em um medico a gente vai para Barueri, esses lugares assim que hoje em dia nem quer atender a gente mais”, diz Luiza Bento de Oliveira, cabelereira.
Uma unidade fica em uma das regiões mais pobres da cidade. Tem menos de um ano de funcionamento. Está novinha, e à espera de mais médicos.
Só para uma unidade seriam necessários mais cinco médicos com especialidades de clínica geral, ginecologia e pediatria. Como até agora devem vir para o município de Carapicuiba apenas três profissionais, dois deles vão ficar no posto.
“Ainda vão ficar faltando 24 médicos. A esperança é que o sistema está aberto ainda e que venha mais médicos”, declara Simone Monteaperto, da Secretaria Municipal de Saúde de Carapicuíba.
Os três brasileiros se apresentam na próxima segunda-feira (02) e vão passar uma semana acompanhando o funcionamento das unidades. Na semana seguinte, já começam a trabalhar.
Nesta primeira etapa do projeto mais médicos, 55 brasileiros estão sendo distribuídos por várias cidades do estado de São Paulo. E outros 79 estrangeiros também. Carapicuíba deve receber mais quatro profissionais do exterior. Guarulhos terá dois, sendo um de fora.
O paulista Christian, chega no Brasil como médico estrangeiro por ter formado na Argentina. Ele vai pra Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.
“Minha mãe não tem plano de saúde, precisa do SUS, ou seja, gostaria que ela fosse atendida por um médico que não tem o diploma revalidado do que morresse na fila. Eu preferiria isso”, declara Cristian Uzuelli, médico.
“O objetivo principal que chamam os médicos é ajudar as pessoas carentes, a mesma coisa que eu tava fazendo lá, aqui e a coisa principal é estar perto da família que eu sempre quis”, diz Natalia Allocco, médica argentina.
A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo informa que 28 os médicos foram classificados para trabalhar na capital. Destes, 14 já foram aceitos pelo município e sete ainda apresentam pendências. Outros sete desistiram.
E começa nesta segunda-feira (26) a avaliação dos médicos que se formaram no exterior.
O Rio de Janeiro é o estado que vai treinar mais profissionais. Durante três semanas, os médicos formados no exterior terão seus conhecimentos em saúde pública brasileira e língua portuguesa avaliados. Só os médicos aprovados nessa etapa receberão o registro profissional provisório e poderão atender a população nos municípios.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, faz nesta segunda-feira (26), em Brasília, a abertura dessa etapa de avaliação.
O Rio de Janeiro é a cidade que vai treinar o maior número de médicos, seguido por São Paulo, depois Porto Alegre. Também participam do treinamento Brasília, Recife, Fortaleza,Belo Horizonte e Salvador.
Além dos 244 médicos estrangeiros ou brasileiros formados no exterior, os 400 médicos cubanos também participam do treinamento. Eles, que já chegaram ao país no fim de semana
Fonte: Bom Dia brasil